MANUAL DE CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA
Baixa Tensão
A correção pode ser feita instalando os capacitores
de quatro maneiras diferentes, tendo como objetivos a
conservação de energia e a relação custo/benefício:
Correção na entrada da energia de alta tensão:
corrige o
fator de potência visto pela concessionária, permanecendo
internamente todos os inconvenientes citados pelo baixo
fator de potência e o custo é elevado.
Correção na entrada da energia de baixa tensão:
permite
uma correção bastante significativa, normalmente com
bancos automáticos de capacitores. Utiliza-se este tipo de
correção em instalações elétricas com elevado número de
cargas com potências diferentes e regimes de utilização
poucos uniformes.
A principal desvantagem consiste em não haver alívio
sensível dos alimentadores de cada equipamento.
Correção por grupos de cargas:
o capacitor é instalado
de forma a corrigir um setor ou um conjunto de pequenas
máquinas (menor que 10cv). É instalado junto ao quadro de distribuição
que alimenta esses equipamentos. Tem como desvantagem
não diminuir a corrente nos circuitos de alimentação de cada
equipamento.
Correção localizada:
é obtida instalando-se os capacitores
junto ao equipamento que se pretende corrigir o fator de
potência. Representa, do ponto de vista técnico, a melhor
solução, apresentando as seguintes vantagens:
- reduz as perdas energéticas em toda a instalação;
- diminui a carga nos circuitos de alimentação dos equipamentos;
- pode-se utilizar em sistema único de acionamento para a
carga e o capacitor, economizando-se um equipamento de
manobra;
- gera potência reativa somente onde é necessário.
Correção mista:
no ponto de vista Conservação
de Energia¨, considerando aspectos técnicos,
práticos e financeiros, torna-se a melhor solução.
Usa-se o seguinte critério para correção mista:
1. Instala-se um capacitor fixo diretamente no lado
secundário do transformador;
2. Motores de aproximadamente 10 cv ou mais, corrige-se
localmente (cuidado com motores de alta inércia, pois não
se deve dispensar o uso de contatores para manobra dos
capacitores sempre que a corrente nominal dos mesmos for
superior a 90% da corrente de excitação do motor).
3. Motores com menos de 10 cv corrige-se por grupos.
4. Redes próprias para iluminação com lâmpadas de descarga,
usando-se reatores de baixo fator de potência, corrige-se
na entrada da rede;
5. Na entrada instala-se um banco automático de pequena
potência para equalização final.
Quando se corrige um fator de potência de uma instalação, consegue-se um aumento de potência aparente disponível
e também uma queda significativa da corrente, conforme
exemplo:
Deseja-se corrigir o fator de potência para 0,92 de uma
carga de 930 kW, 380 V e f.p.= 0,65:
Sem Correção do Fator de Potência:
Neste caso, após a correção do fator de potência, a
instalação poderá ter aumentos de cargas em até 41%.
Correção na Média Tensão
Desvantagens:
Inviabilidade econômica de instalar banco de
capacitores automáticos;
Maior probabilidade da instalação se tornar capacitiva
(capacitores fixos);
Aumento de tensão do lado da concessionária;
Aumento da capacidade de curto-circuito na rede da
concessionária;
Maior investimento em cabos e equipamentos de
Baixa Tensão;
Manutenção mais difícil;
Benefícios relacionados com a diminuição das
correntes reativas nos cabos, trafos, etc., não são
obtidos.
Projeto da Correção do Fator de Potência
Para iniciar um projeto de Correção do Fator de
Potência deveremos seguir inicialmente duas etapas
básicas:
Interpretar e analisar os parâmetros elétricos das
instalações, através
das medições efetuadas e nas Empresas em Projeto,
através dos parâmetros elétricos presumidos;
Ter em mãos e interpretar as especificações
técnicas de todos os materiais que serão empregados
na execução do projeto.
Levantamento de Dados / Empresa em Operação
Dados a serem considerados:
Tipo de tarifação; Demanda contratada; Fator de potência registrado.
Transformador: Tensão no primário;
Tensão no secundário;
Potência nominal;
Potência de curto-circuito;
Grau de ocupação;
Corrente de magnetização;
Impedância;
Cos ?.
Medições -
Medir as tensões e as correntes ( BT ) nas
seguintes condições:
Carga mínima;
Carga máxima; Aterramento e pára-raio;
Tipo
; Resistência
; Neutro aterrado ( S/N )
; Local do aterramento;
Conta de energia elétrica (12 meses)
Empresa em Projeto
Nas instalações em projeto, deve-se levantar os dados
das cargas que serão instaladas, a fim de presumir o
Fator de Potência da Instalação:
Levantar a potência das cargas não lineares e,
se estas não ultrapassarem 20% da carga total da
fábrica, pode-se corrigir o fator de potência somente
com capacitores, pois é pouca a possibilidade de
haver problemas com harmônicas na instalação
elétrica;
Se o total de cargas não lineares ultrapassar 20% da
carga total instalada deverá ser efetuada uma medição
detalhada dos níveis de harmônicas. Detectando-se a
existência de harmônicas na instalação elétrica devese
obedecer o seguinte critério:
Limite de distorção harmônica individual de tensão
deverá ser menor ou igual à 3%;
Limite de distorção total de harmônicas de tensão
(THD) deverá ser menor ou igual à 5%.
OBS.:Ultrapassando estes limites deverão ser instalados
indutores de proteção anti-harmônicas nos
capacitores ou filtros para as harmônicas significativas;
(Conforme IEEE Std. 519 “Recommended Practices
and Requirements for Harmonic Control in Eletrical
Power Sistems”);
Decidir tecnicamente pelo tipo de correção mais
adequada às necessidades da Empresa;
Elaborar o diagrama unifilar das instalações
incluindo os capacitores para a correção do fator de
potência;
Levantamento do ciclo operacional das cargas da
empresa que deverão ser separadas em resistivas ou
ativas, indutivas lineares e indutivas não lineares;
Elaborar curvas de demanda para as potências
ativas e reativas.